Antigamente havia muitas
tempestades, chuvas fortes, relâmpagos e ventos que faziam as pessoas quase
voar. E assim se formaram os grandes rios.
Na
tarde do dia seguinte, passou pela aldeia um homem baixo, de óculos pretos,
camisa aos quadrados e uma bangala de madeira, à procura de um sapateiro, pois,
no dia seguinte, ia casar e ainda não tinha sapatos para subir ao altar. Deu-se
o caso desse homem ter falado com um humilde aldeão que lhe falou na casa do aprendiz
sapateiro que vivia lá para um pinhal, distante um pouco da aldeia. Agradecendo
a ajuda, o homem seguiu caminho fora, por entre os pinheiros e moitas.
Deu-se o caso que não tardou muito a dar com a
casinha do duende, no meio de uma clareira, por onde entravam raios de sol, que
tornavam aquele lugar muito bonito e soalheiro. Aproximou-se mais um pouco,
desejoso por saber quem morava naquela casinha tão pequenina, mas tão
acolhedora, por sinal. Chegado à porta, bateu com cuidado, não fosse acordar ou
assustar alguém menos avisado. Eis que surge à soleira uma figura encantadora,
pequenina, alguém parecido com um anão, que lhe perguntou, muito curioso, mas
afável:
_
Em que o posso servir, senhor?
_
Desejava um par de sapatos, pois à manhã vou casar-me e não tenho que calçar!
O
duende, nem queria acreditar no que lhe estava a acontecer, pois já não tinha
dinheiro para comprar mais couro, por isso, apressou-se a responder:
_ Veio em boa altura, meu senhor, pois tenho
uns sapatinhos acabados de fazer. E acrescentou. _ E se não tivesse, eu mesmo
lhe emprestaria uns!
O
homem pediu ao pequeno duende para dar uma vista de olhos e experimentar. Serviram-lhe
que nem uma luva! E logo transmitiu ao duende a sua satisfação:
_Parabéns pelo seu excelente trabalho, amigo. Nem
imagina o bem que me fez, pois tinha corrido tudo e nenhuns me ficaram tão bem
como estes.
O
duende entregou-lhe os sapatos em mão e o homem meteu a mão no bolso, tirando
todo o dinheiro que lá tinha, e não era assim tão pouco!
O
aprendiz sentiu-se recompensado e feliz pelo facto de o homem ter gostado do
seu trabalho. Foi até à aldeia comprar mais couro para fazer novos sapatos e
tudo o resto que sobrou foi para comprar alguma comida.
No
caminho para a casa, o pequeno duende ia fazendo contas à vida, mas de tão
satisfeito que estava, saltitava e cantarolava melodias antigas.
Quando
chegou a casa, sentou-se logo na cadeira da mesa da sala e começou a martelar o
couro, fazendo novos pares de sapatos e, como o cansaço era tanto, deixou-se
vencer pelo cansaço e acabou por adormecer em cima da mesa.
Uns
meses mais tarde, arrumou todo o calçado que tinha feito dentro de uma cesta
antiga e saiu de casa em direção à aldeia. Chegado lá, montou uma pequena banca,
junto do rio, e colocou tudo o que trazia no cesto em cima da banca. As pessoas
iam passando e trocando algo de valor pelo calçado.
Perto do anoitecer, passou um mendigo da
aldeia, sem nada para comer, nem de calçar pela banca do duende e este, com
pena e dor, ofereceu-lhe os seus últimos pares de sapatos e alguma comida.
Já em sua casa e feliz por ter vendido toda a
mercadoria e ter ajudado o mendigo, o duende deu-se ao luxo, naquela noite, de
ir dormir mais cedo, coisa que não era frequente, pois aproveitava sempre para tratar
o couro. O negócio ia de vento em popa, fazendo cada vez mais sapatos para
vender na aldeia, e quem sabe um dia voltar a ajudar alguém.
Martim, 8º E
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