quarta-feira, 19 de julho de 2017

VII JORNADAS PEDAGÓGICAS - notícia jornal

VII JORNADAS PEDAGÓGICAS DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MORGADO DE MATEUS
             


  Quando no final do ano letivo, com as energias já há muito esgotadas, 196 professores, resolvem juntar-se durante 4 dias para refletir e conhecer melhor os seus alunos, acercando-se dos seus lugares de origem e das suas gentes, para que possam redefinir a identidade dos alunos, aproximando-a do mundo real e redesenhar as pedagogias que os conduzirão ao sucesso escolar… isto pode querer dizer que estamos perante uma escola do futuro.
               Mas se acrescentarmos que na retaguarda deste grande evento está um grupo de alunos (Curso Profissional Técnico em Animação e Turismo do agrupamento) que assegurou toda a logística, orientados por uma equipa de professores, transformando a aprendizagem em trabalho de campo e assumindo a sua vertente verdadeiramente profissional, então começamos a perceber que estamos perante uma escola com futuro.
               As VII JORNADAS PEDAGÓGICAS do Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus abordaram o tema: O aluno, uma identidade feita de gentes e lugares?
                                                           e proporcionaram uma experiência rica, única e inesquecível a todos os participantes.
               O primeiro dia decorreu na aula magna da UTAD, destacando-se as intervenções de dois conferencistas convidados, João Silva (historiador e diretor dos museus de Vila Real) e Almerindo Janela Afonso (sociólogo e professor associado da Universidade do Minho), o primeiro assegurou uma grande ligação ao território local, evidenciando as gentes e os lugares, que fazem parte do património e da cultura dos nascidos para cá do Marão, o segundo consubstanciou a questão levantada no tema, com uma abordagem sociológica sobre a identidade, a preservação da cultura local e a escola que proporciona a abertura de novos horizontes para cada aluno, reforçando e ampliando a sua formação holística, através de vários conceitos para reflexão e utilizando múltiplas referências - Max Weber, Pierre Bourdier, Boaventura de Sousa Santos, António Sampaio da Nóvoa, Basil Bernstein, Michael Jung e Paulo Freire. A teoria foi temperada com música e magia –Quarteto de saxofones VR4SAX, Coro de Câmara da UTAD e Luís Pires (aluno do 12º C).
               Nos 2º, 3º e 4º dias, os professores suspenderam a teoria e “abraçaram” o território, para conhecer as freguesias de onde os alunos provêm, para melhor avaliar o perfil de cada um e inteirar-se do meio onde vive – o relevo, o clima, a demografia, as ocupações, os acessos viários, a arquitetura, o património, a história e os problemas de cada sítio e as suas oportunidades. Espaços rurais e urbanos, próximos, mas distintos, onde o profano e o religioso comungam pelas diferenças e pelas suas dinâmicas, mas que naturalmente se interpenetram. Cada docente fez certamente a sua leitura, privilegiando a contemporaneidade, inserida no mundo global onde vivemos, mas não esquecendo a história e as raízes de cada um e a sua autenticidade.
               Aconteceram diversos momentos únicos e especiais, em que os formandos foram confrontados com alguns desempenhos musicais, realizados por alunos ou ex-alunos do agrupamento que ocupam os seus tempos livres com o estudo da música, integrando o ensino articulado com o Conservatório Regional de Música de Vila Real, Bombos S. Bartolomeus, Banda de Música de Sanguinhedo e Orquestra Juvenil da Banda de Música da Portela. Foi fantástico presenciar reencontros, com alunos que já não se viam há muito, viver também a pedagogia dos afetos, apreciar “os virtuosi” no domínio musical e reforçar a convicção que sempre vale a pena nesta maturação das problemáticas escolares. Em simultâneo valorizaram-se as novas experiências e projetos que se desenvolvem na escola, aqui expressas através de uma encenação de homenagem a Panóias e ao deus Serápis, que nos fizeram recuar até à Antiguidade através da gestualidade e das palavras dos alunos do Clube Europeu, descalços e vestidos de branco, colocando oferendas sobre as rochas do santuário pagão.
               A avaliação desta formação foi muito positiva, pois a organização e as surpresas excederam as expectativas criadas, reforçando o grande orgulho que cada professor tem nesta identidade comum, que é ser professor/educador neste agrupamento, onde se destaca, a criatividade, a inclusão, a multiculturalidade e o respeito pela diferença.

Anabela Quelhas
Publicado em Notícias de Vila Real a 19/07/2017