Tenho a certeza que inúmeras
pessoas já puseram esta pergunta antes de mim; mas quando é que temos tempo
para parar e refletir sobre as nossas vidas? Não de uma maneira filosófica, mas
sim com o propósito de saber e pensar sobre como é que estamos a gastar o nosso
tempo.
O
que eu quero dizer é, reparem na rotina diária de várias crianças, adolescentes
e jovens adultos à volta do mundo:
chegar da escola ou trabalho, e ir imediatamente ver televisão ou verificar as
redes sociais, para ver se há notificações novas.
As
pessoas que entendem e estudam os mecanismos do funcionamento da sociedade – os
sociólogos – não se demoraram a classificar a geração destes jovens adultos
como a «Geração Narcisista», onde se usam maioritariamente as redes sociais
para expor uma certa imagem de nós próprios, com o objetivo de mostrar aos
outros o quão “perfeitos” ou “fixes” somos.
Confesso
que nunca confiei nos Facebooks e demais, porque desde sempre fui informada
sobre os perigos da Internet, e como criança, mais ou menos obediente que sou,
nunca criei, nem tenciono criar, perfis sozinha e sem autorização.
A
minha questão é: desde quando é que o narcisismo começou a controlar as nossas
vidas? Desde quando é que começámos a confiar mais num telemóvel do que na
pessoa ao nosso lado? Tantas conversas, olhares e sorrisos que não aconteceram
nem vão acontecer, porque estamos demasiado ocupados a ver os Instagrams uns
dos outros.
Mas
isto tornou-se tão normal, que agora as pessoas me deitam olhares de
incredulidade quando digo que prefiro ler e escrever do que ver televisão e
agir como se fosse melhor que os outros.
Às
vezes, choca-me a ingratidão de alguns! Quando há pessoas a morrer de fome,
sede e doenças crónicas; mulheres que são espancadas quase até à morte por
maridos violentos; rapazes e raparigas sexualmente agredidos e países onde os
direitos humanos são quase inexistentes, ainda arranjam tempo para se queixar
da marca do telemóvel?!
Neste
momento, não posso fazer nada para mudar a vida dessas pessoas, mas, quando
completar a minha educação, se conseguir ajudar uma só que seja, sentir-me-ei
realizada!
Longe
também vão os tempos, em que as crianças podiam rir-se, gritar, correr à
vontade, enfim, ser crianças!
Às
vezes, quando estou na escola, a rir-me e a contar piadas estúpidas – a
comportar-me conforme os meros 12 anos que tenho – alguém aproxima-se e
chama-me “pita” e ignorante.
Fico
a matutar um pouco naquilo, mas chego à conclusão que não me importo. Neste
preciso momento, considero a minha ignorância uma benção.
E,
talvez, se alguém ler este texto, abdique, hoje, de
alguns minutos da Disney Channel, para se apaixonar pelo cheiro das fohas de um
livro ou pela tinta de uma caneta. Talvez o mundo ainda tenha sonhadores.
Talvez.
Maria Rita Azevedo;
nº14; 7º G
Enviado pela professora Vera Casinhas
Gostei! Parabéns Maria Rita. Felizmente ainda temos muitos jovens que pensam como tu. De outra forma , não teríamos futuro.
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