terça-feira, 25 de janeiro de 2022

" A Grande Torre"- Quais os profissionais mais importantes da sociedade


 

Voz off: A história que se vai contar fala do perigoso rumo da sociedade, da crise da educação e da importância dos pais e dos professores como construtores de um mundo melhor. Num tempo não muito distante do nosso, a humanidade tornou-se tão caótica que os homens fizeram um concurso, o de saber qual a profissão mais importante da sociedade. Os organizadores do evento construíram uma grande e belíssima torre, cravejada de pedras preciosas dentro de um grande estádio. Chamaram a imprensa mundial. No estádio estavam pessoas de todas as classes sociais. Nações e grandes empresas patrocinavam a disputa.

 

Presidente da organização: (Bem vestido, confiante, orgulhoso da iniciativa e com voz altiva)

            _ Começo por agradecer a todos os participantes das classes que vão participar no concurso, às entidades, ao público em geral e, claro está, a toda a imprensa mundial. O concurso está aberto. (E continuou) _ Cada profissão é representada por um ilustre orador que deve subir a um degrau da torre, fazer o seu discurso sobre os motivos pelos quais a sua profissão é a mais importante da sociedade moderna. Deve permanecer na torre até ao final.

Vice-presidente da organização: (que estava ao lado do presidente e sentado na mesma mesa)

            _ Informo que a votação é mundial e pela internet! O grande vencedor receberá como prémio o prestígio social, uma grande quantia em dinheiro e subsídios do governo.

O mediador do concurso: (Bradou num tom de voz mais alto e sorridente) _ O espaço está aberto! Quem é o primeiro a subir à torre?

(Os organizadores entreolharam-se acenando com a cabeça quem seria o primeiro).

Representante dos psiquiatras: (Entra todo confiante e prazenteiro, com os cabelos desalinhados, mas bem vestido.)_A depressão e a ansiedade são as doenças do século. As pessoas perderam o encanto pela existência. Muitas desistem de viver. A indústria dos antidepressivos e dos tranquilizantes tornou-se a mais importante do mundo. (Faz uma pausa)

Plateia: (Nos bancos da frente. Acenam uns para os outros que sim, atónitos com os argumentos convincentes, enquanto o representante dos psiquiatras bebe um pouco de água)

Um elemento da plateia: _ Ele não deixa de ter razão! (aparte baixinho para os outros que apenas acenam com a cabeça que sim)

Representante dos psiquiatras: _ O normal é ter conflitos e o anormal é ser saudável. O que seria da sociedade sem os psiquiatras? (faz uma pequena pausa, olha para o público e prossegue confiante) _ uma casa de seres humanos sem qualidade de vida! (E conclui) _ por vivermos numa sociedade doentia, declaro que somos, juntamente com os psicólogos clínicos, os profissionais mais importantes da sociedade!

 

Voz off: No estádio reinou o silêncio. Na plateia olhavam entre si e para si e perceberam que não eram alegres, estavam “stressados”, dormiam mal, acordavam cansados, tinham uma mente agitada, dores de cabeça. Sabem quem subiu depois?

 

Mediador do Concurso:(bradou novamente em voz alta)_ O espaço está aberto! Quem é o próximo a subir à torre?

O representante dos magistrados: (sai da plateia e dirige-se para o palco, subindo a um degrau mais alto, confiante, bem vestido com a sua capa preta)

            _ Observem os índices de violência! Eles não param de aumentar. Os raptos, os assaltos, a violência doméstica, os crimes de pedofilia, as corrupções enchem as páginas dos jornais. (Faz uma pequena pausa e bebe um pouco de água). A agressividade nas escolas, os maus tratos a crianças, a descriminação racial e social fazem parte da nossa rotina. Os homens amam os seus direitos e desprezam os seus deveres. (nova pausa para beber e olhar sem nada dizer para o público)

 

 Plateia: (maneou a cabeça concordando com os argumentos)

Outro elemento do Plateia:_ Também não deixa de ter razão! (aparte baixinho para os outros)

O representante dos magistrados:(mais persuasivo)_ O tráfico de droga movimenta tanto dinheiro como o petróleo. Não há como acabar com o crime organizado. Sem os juízes e os promotores a sociedade arruína-se! Por isso, declaro que, com o apoio dos promotores e do aparelho policial, representamos a classe mais importante da sociedade.

 

Voz off: Todos engoliram em seco as palavras. Elas perturbaram os ouvidos e queimavam a alma. Mas pareciam incontestáveis. Subiu à torre outro representante, heroico e cheio de brio das suas medalhas.

 

Mediador do Concurso: _ O espaço está novamente aberto! O próximo representante que se aproxime. (Suava. Limpa o suor do rosto com um lenço)

O representante das forças armadas: (levanta-se da plateia dirige-se para o palco. Sobe a um degrau ainda mais alto da torre)

            _Os homens fazem guerra e matam-se por muito pouco. O terrorismo elimina milhares de pessoas. As guerras tribais, religiosas e comerciais matam milhares de pessoas e deixam milhões de pessoas a morrer à fome. As nações só se respeitam pela economia e pelas armas que possuem, e não pelo diálogo. Quem quiser a paz tem de se preparar para a guerra (faz uma pausa, bebe um pouco de água e continua) _ Sem as forças armadas não há segurança. É a classe mais importante, mas também a mais poderosa.

 

Voz off: A alma dos ouvintes gelou. Todos ficaram atónitos. Os argumentos dos três oradores eram fortíssimos. As pessoas de todo o mundo, perplexas, não sabiam que atitude tomar: se aclamavam um orador ou se choravam pela crise da espécie humana.

 

Mediador do concurso: (Olhando para várias direções a ver se mais algum orador se levantava.)

_ Penso que mais nenhum orador se quer pronunciar, por isso damos por encerradas as intervenções e daremos início à votação!

(Enquanto o mediador olhava para os organizadores à espera de um sinal, para o público de onde vinha certos rumores que se estavam a fazer ouvir, um grupo de professores, educadores de infância, do primeiro ciclo, do ensino básico e secundário, dialogavam com um grupo de pais e começaram a subir o palco e colocam-se no fim da torre. As câmaras dos jornais começaram a tirar fotos e projetam uma imagem deles na tela. O mediador intervém gritando)

Mediador do concurso:_Por favor, um representante da vossa classe que suba à torre!

Todos os Professores: (em conjunto e, calmamente, responderam)_ Não, nós não precisamos de protagonismo, de holofotes, estamos bem onde estamos!

Professor 1: (virando-se para o representante dos psiquiatras)_ Não queremos ser mais importantes do que vocês. Apenas queremos ter condições para educar a emoção dos nossos alunos, formar jovens livres e felizes, para que eles não adoeçam e sejam tratados por vocês!

(O psiquiatra olha atónito para ele, sem nada dizer.)

Professora 2: _ (Dirige-se para o representante dos magistrados) Sr. Magistrado, nunca tivemos a intenção de ser mais importantes do que os juízes. Desejamos apenas ter condições para trabalhar a inteligência dos nossos jovens, ajudando-os a pensar e a aprender a grandeza dos direitos e dos deveres do ser humano, para que nunca se sentem no banco dos réus!

(O magistrado tremeu no alto da torre, atónito)

Professora 3: (tímida, voz doce, encara o representante das forças armadas)_ Sr. Comandante, os professores de todo o mundo nunca desejaram ser mais poderosos, nem mais importantes do que os membros das forças armadas. Desejamos apenas ser importantes no coração das nossas crianças, levá-las a compreender que todas elas são únicas e insubstituíveis!

Professora nº4: _ (continua sorridente) Assim, eles apaixonar-se-ão pela vida e, quando tiverem o controlo da sociedade, nunca farão guerras, sejam físicas que tiram o sangue, sejam comerciais que tiram o pão. Acreditamos que os fracos usam a força, mas os fortes usam o diálogo para resolver os seus conflitos, pois violência gera violência!

Pais: _ (que estavam junto aos professores na base da torre) Bravo! Bravo. Os professores são os maiores!

 (Os organizadores do evento murmuram entre eles; os professores e pais continuam a falar baixinho).

 

Voz off: O mundo ficou perplexo. As pessoas não imaginavam que os professores, que viviam no pequeno mundo das salas de aula, fossem tão sábios. O discurso dos professores abalou os líderes do evento.

 

(O mediador do evento, vendo ameaçado o êxito da disputa, falou arrogantemente, dirigindo-se a todos os professores)

Mediador do Concurso:_Sonhadores! Vocês vivem fora da realidade!

Professor 5:(Bradou com sensibilidade) _Se deixarmos de sonhar, morreremos!

Mediador do evento:(Com intenção de ferir os professores) _Quem se importa com os professores atualmente? Comparem-se com as outras profissões. Vocês não participam das reuniões políticas mais importantes. A imprensa raramente os noticia. A sociedade pouco se importa com a escola. Olhem para o vosso salário no final do mês?  

Professora nº 3: (Fita o mediador com segurança) _ Não trabalhamos apenas pelo salário, mas pelo amor dos seus filhos e de todos os jovens do mundo.

Mediador do concurso: (Irado para o 3º professor)_A sua profissão será extinta nas sociedades modernas. Os computadores estão a substituí-los! Vocês não são dignos de estar nesta disputa!

Plateia: (manipulada vira-se contra os professores, condenando-os em coro)_ Viva a educação virtual! Computadores! Computadores! Fim dos professores!

Professor nº5: (triste e cabisbaixo. Vira-se para a plateia e para todos os que estavam no concurso)

            _ Nunca fomos tão humilhados! Estas palavras foram um duro golpe. Vamos abandonar a torre e, desde já, os avisamos que abandonaremos também as salas de aula.

(Os professores abandonam a torre e esta desaba. Já fora do auditório os professores, os oradores foram hospitalizados, levando-os duas pelas pernas e pelos braços. Saem todos do palco).

 

Voz off:

A torre desabou. Ninguém imaginava, mas eram os professores e os pais que seguravam a torre.

            Tentaram substituí-los por computadores nas salas, dando uma máquina a cada aluno. Usaram as melhores técnicas de multimédia. Sabem o que aconteceu?

            A sociedade desabou. As injustiças e as misérias da alma aumentaram mais ainda. A depressão, o medo, a ansiedade atingiu grande parte da população. A violência e o crime multiplicaram-se. A convivência humana, que já era difícil tornou-se intolerável. Todos compreenderam que os computadores não conseguiam ensinar a sabedoria, a solidariedade e o amor pela vida. O público nunca pensou que os professores fossem os alicerces das profissões.

 Todos compreenderam que a sociedade vive uma longa e nublosa noite. A ciência, a política e o dinheiro não a conseguiam superar. Perceberam que a esperança de um belo amanhecer repousa sobre cada pai, cada mãe e cada professor, e não sobre os psiquiatras, os juízes, os militares, a imprensa… Eles são a esperança do mundo!

            Depois de restabelecidos, os organizadores do evento, os representantes das classes, psiquiatras, juízes, militares e os empresários fizeram uma reunião com os professores em cada cidade de cada nação.

 

(Entram todos e sentam-se à mesa. Falam por ordem: Primeiro o presidente da organização do concurso, depois, o político)

 

Presidente da organização: _ Reconhecemos que cometemos um crime contra a educação. Pedimos desculpa, mas não abandonem os nossos filhos!

 

Político: _ Todos os líderes políticos mundiais comprometem-se a que metade do orçamento que se gasta com armas, com o aparato policial e com a indústria dos tranquilizantes e dos antidepressivos será investida na educação. Prometemos também resgatar a dignidade dos professores e nenhuma criança ficará sem escola.

 

(Os professores choraram. Ficaram comovidos.)

 

Voz off: Há séculos que os professores esperavam que a sociedade acordasse para o drama da educação. Infelizmente, a sociedade só acordou quando as misérias sociais atingiram patamares insuportáveis.

 

Professor nº 1: _ Estamos sensibilizados com o vosso reconhecimento. De facto, nós amamos cada criança, cada adolescente e cada jovem e tudo o que fazemos é para o seu bem-estar e para a sua formação integral, contribuindo para a construção de uma sociedade melhor e mais justa. Voltaremos para as salas de aula e ensinaremos cada aluno a navegar nas águas da emoção.

 

(Todos se calam e permanecem nos lugares)

 

Voz off:

            Pela primeira vez, a sociedade colocou a educação no centro das suas atenções. A luz começou a brilhar depois da longa tempestade… Ao fim de dez anos, os resultados apareceram e, vinte anos depois, todos ficaram boquiabertos.

            Os jovens já não desistiam da vida. Já não havia suicídios. O uso das drogas dissipou-se. Quase já não se ouvia falar de transtornos psíquicos e de violência. E a discriminação? O que era isso? Já ninguém se lembrava do seu significado. Os brancos abraçavam afetuosamente os negros. As crianças judias dormiam em casa das palestinas. O medo dissolveu-se, o terrorismo desapareceu, o amor triunfou

. As prisões tornaram-se museus. Os polícias tornaram-se poetas. Os consultórios de psiquiatria esvaziaram-se e tornaram-se escritores. Os juízes tornaram-se músicos. Os promotores filósofos. E os generais? Descobriram o perfume das flores, aprenderam a sujar as mãos para as cultivar.

E os jornais e as televisões do mundo? O que noticiavam, o que vendiam? Deixaram de vender mazelas e lágrimas humanas. Vendiam sonhos, anunciavam a esperança…

Quando se tornará esta história realidade? Se todos sonharmos este sonho, um dia ele deixará de ser apenas um sonho.

 

 CURY, Augusto, Pais Brilhantes, Professores Fascinantes- Como formar jovens felizes e inteligentes, Editora Pergaminho, 2004, pp 159-167. (Texto adaptado e com supressões)

 

NOTA: A Editora e o autor permitem o uso do texto da “Grande Torre” para encenação teatral nas escolas, com o objetivo de homenagear os pais e os mestres, desde que citada a fonte. (N.do A.)

 

 

 

sábado, 22 de janeiro de 2022

Duendes e Caveiras


 

Palavras: duende, caveira, floresta, aldeia, teatro

Há muito tempo atrás, numa aldeia muito distante, viviam entre as grandes árvores da floresta, os duendes e as caveiras. Do lado negro e sombrio da floresta, viviam as caveiras e, do lado ensolarado e alegre, viviam os duendes, juntamente com animais que pastavam livremente nos verdes campos.

Todos os anos realizava-se um evento que juntava toda a população: o teatro de inverno. Tinha lugar no início dessa estação e servia para reunir todos, antes da neve chegar e isolar cada um nas suas casas.

Naquele ano, era a vez dos duendes organizarem o teatro e Tobias, o duende mais famoso da aldeia, pela sua personalidade divertida e despreocupada, estava cheio de ideias e vontade de participar.

Certo dia, saiu de casa e dirigiu-se junto ao lago onde se realizava o teatro. Havia necessidade de construir o cenário, que tinha sempre elementos da floresta ocupada pelas caveiras e da floresta ocupada pelos duendes. Enquanto os duendes tinham as casas dentro das árvores maiores e com mais ramos, as caveiras viviam em grutas sem luz e o Tobias decidiu ir ao lado das caveiras para trazer algo que as representasse. Chegou a uma das grutas já ao final da tarde, com pouco sol. Chamou, mas ninguém respondeu. Decidiu entrar e explorar um pouco mais. Acabou por encontrar várias velas, muitas delas quase sem cera para queimar. Pegou numa e desatou a correr pois estava com medo ao escuro. Mas, quando estava a chegar à saída da gruta, eis que foi presenteado com uma avalanche de rochas, que bloqueou a saída. Apenas com uma vela na mão, Tobias estava assustado e sem saber o que fazer. Passou alguns minutos sem sequer se conseguir mexer, até que se encheu de coragem e decidiu explorar o resto da gruta para tentar encontrar uma saída. Mesmo no meio da gruta, encontrou uma fogueira ainda com as brasas acesas e pensou que, certamente, teriam estado ali há pouco tempo. Viu ao longe o que lhe parecia serem luzes, mas vinha de uma galeria tão estreita e baixa que ele nem sabia se conseguiria passar. Rastejou ao longo de vários metros, quando, finalmente, chegou a outra caverna, onde estava uma caveira conhecida. Esta explicou-lhe que as grutas estavam todas ligadas e foi por isso que não ficou preso com a avalanche.


Depois de algum tempo, decidiu atravessar a floresta negra, onde viviam os animais selvagens e perigosos que o podiam devorar, para voltar para casa. Falou com algumas caveiras que lhe deram indicações e lhe disseram por onde ir.

Nessa mesma noite, ele partiu para a floresta, aterrorizado. Atravessou caminhos de grandes árvores pálidas e gélidas, onde muitas aves de rapina fazem os ninhos, tendo chegado à parte mais assustadora da floresta, aquela onde viviam os lobos. Tobias, muito preocupado com o
que lhe podia acontecer, acendeu uma tocha criando fogo ao raspar duas pedras e andou muito lentamente, mas sem se aperceber pisou um galho, atraindo a atenção dos animais. Ele desatou a correr e encontrou um orifício numa árvore e escondeu-se lá, onde pernoitou.

No dia seguinte, seguiu viagem e acabou por encontrar a aldeia dos duendes. Todos estavam preocupados com ele, mas Tobias afirmou que estava bem e que se tinha perdido numa gruta do lado das caveiras.

Passados alguns dias, ocorreu o teatro anual que atraiu quase a floresta inteira, sendo que foi o que arrecadou mais dinheiro nos últimos anos.

 

Guilherme Lopes, 8º E, Luís Lopes e Salete Lopes

 


sábado, 15 de janeiro de 2022

Brilhante e Prateado

 Palavras: burro, prisioneiro, miséria, combate e delicado

     Ali para os lados de Trás-os-Montes, mas não numa vila, numa das aldeias por ali, vivia um burro. Desde sempre, desde que se conhecia como burro, a sua função era ajudar o dono nas tarefas agrícolas. De sol a sol, a chover… ou a nevar… não havia descanso! Mesmo sem nunca ter sido amarrado com corda ou corrente, sentia-se prisioneiro naquela vida de miséria…. E agora, velho e sem forças, ainda tinha que aguentar o mau humor do dono que passava o tempo a esbravejar:

     - Besta velha e cansada! Já nem com a albarda pode! Raios parta a besta excomungada! – repetia o homem vezes sem fim.

     Foram anos de fiel serventia àquele patrão, por isso o nosso amigo burro achou que não merecia tamanha ingratidão. Passou dias e dias a matutar no assunto, até que tomou uma decisão:

      - Se já não sirvo para mais nada aqui, vou-me embora em busca de um novo dono.

      O pobre animal esperou a calada da noite e saiu porteira fora, em busca de melhor destino. Marchou quilómetros sem parar, com receio que o antigo dono viesse à sua procura. Passou rios, vales e montanhas… sentia-se exausto e o desânimo tomou conta de si:

       - Será que fiz a escolha certa? Agora nem dono, nem casa, nem sei para onde ir. – lamentava-se o pobre animal.

       Ainda pensou em retornar à antiga vida, mas foi só lembrar os maus-tratos pelos quais havia passado que decidiu seguir em frente. O tempo ia passando e nada mudava. O burro continuava triste, sozinho e a sentir-se inútil. Resolveu parar em baixo de uma frondosa árvore à beira de um ribeiro. Já nem dava pelas horas quando sentiu um barulho ao pé de si. Despertou muito assustado e ficou ainda mais espantado com o que acabara de ver… Um burro com óculos!

        - Que susto! Pensei que estavas morto! – disse o burro de óculos.

        - Eu? Morto? Logo agora que comecei a gozar a minha reforma? Nem pensar! – retrucou o outro.

        - Bem antes de mais, vamos às apresentações – continuou o burro de óculos. Eu chamo-me Brilhante. Deram-me este nome não por causa da cor do meu pelo, mas porque, eu, de burro, não tenho nada! Eu gosto de ler e dar lições às gentes que encontro. E tu, como te chamas?

       - Não sei. O meu antigo dono passou a vida a chamar-me de “besta”. Talvez este seja o meu nome….

       - Que nada! Besta é sinónimo de burro. Então, se não tens nome, podemos arranjar-te um depressa. Que tal: Cometa? Ou Júpiter? Ou Manso?

       - Não me agradam muito….

       - Já sei… Eu sou o Brilhante… e tu serás o Prateado! Deste, já gostas?

      - Sim, ótima ideia! Adorei!

      - O que fazes aqui, amigo Prateado? – perguntou o Brilhante.

          - Ando há dias, sem parar, a fugir do meu antigo dono. Fartei-me da vida que tinha: anos de sofrimento, muito trabalho e, agora, que estou velho ainda pior. – lamentou-se.

         - Que horror! Nem quero imaginar o que é viver assim. Quando era pequenino fui oferecido a um rapazinho que gostava muito de livros. Com ele, aprendi a ler e hoje conto histórias e piadas para as crianças no circo. – orgulhou-se o Brilhante.

          - Sorte a tua! Ainda hoje tem serventia e faz algo que gosta…. Já eu… pobre de mim… a minha vida acabou. Nem para onde ir tenho! – resmungou o Prateado.

          - Meu caro novo amigo, se lesses como eu, ia aprender muitas lições de vida… A vida é um eterno combate. Já dizia o grande filósofo alemão Johann Goethe: “Apenas é digno da vida aquele que, todos os dias, parte para ela em combate!” Então, vamos a isso, companheiro ! Não fujas à luta! – encorajou o Brilhante.

          - As tuas palavras são muito bonitas, mas de nada me adiantam… não vão resolver o meu problema.

           O burro Brilhante percebeu que o amigo Prateado estava a passar por um momento muito delicado… e foi aí que, mais uma vez, fez justiça a seu nome: teve uma brilhante ideia…

           - E se viesses comigo para o circo?

           - Eu? No circo? O que iria fazer lá? Ainda se soubesse ler como tu… - disse o Prateado.

           - Nada disso! Ainda me roubarias o lugar… - riu-se o Brilhante. Tu poderias servir de montaria para as crianças. No intervalo dos espetáculos, ia saber-lhes bem dar uma voltinha de burro.

            - Achas que vão aceitar-me lá? – duvidou o Prateado.

            - Nem duvides disso! Ou não me chamo Brilhante!

            E lá foram os dois burros rumo àquele que seria o novo lar do Prateado. Ele foi logo aceite pela família circense e, naquela mesma noite, estreou-se no mundo dos espetáculos… Depois da apresentação de mágicos, trapezistas, contorcionistas e palhaços, entrou no picadeiro o burro Brilhante.

           A pequenada adorava o Brilhante… e, a partir daquele dia, também passou a fazer a alegria do Prateado. Ele levava-as a passear pelo circo, parava para tirar fotos com elas… Nunca tinha sido tão feliz! Quando achava que tudo havia perdido, a sua vida ganhara um novo sentido. Tudo graças ao seu amigo Brilhante… Os dois formaram uma dupla inseparável e imparável. Iam de aldeia em aldeia a divertir miúdos e graúdos. E agora, podeis estar a perguntar: Burro que falam? Que pensam? Que usam óculos? Que sabem ler?... Bem, se isso foi verdade ou não, não sei…só sei que foi assim…

 

Diego Dinis, 7º D, Débora Dinis

 

Dois amigos

 

Palavras: Avarento, Arco-íris, Pote de, Banquete, Taça

      Numa manhã chuvosa, dois amigos, João e António, caminhavam pelo bosque, como era habitual fazerem todos os domingos. Os dois amigos, de longa data, conversavam sobre a semana de trabalho que haviam tido.

       Ao contrário de António, João era muito avarento, pois só pensava em aumentar o seu património ao ponto de gastar o mínimo até para as necessidades básicas. Já António, mesmo com os gastos e ajudando as pessoas, preferia ter qualidade de vida, como por exemplo ir a um bom restaurante, viajar, entre outras coisas.

       Ao longo do percurso, encontraram um cruzamento e decidiram experimentar uma nova rota, foi então que se depararam com uma clareira repleta de verdes, flores e, ao fundo, nascia o arco-íris. Era algo tão mágico que ambos ficaram boquiabertos, relembrando as suas infâncias e as histórias que os mais velhos contavam, que para lá do arco-íris encontrava-se um pote de moedas de ouro. Aventureiros como eram, decidiram aproximar-se e confirmar se as histórias que lhes foram contadas eram verdadeiras. Constataram que, no limite do arco-íris, estava uma caverna que emitia uma luz brilhante, bastante chamativa que os atraiu até ao seu interior. Lá encontraram algumas moedas caídas no chão, que os levava até outra parte da gruta.

         O João, sendo tão avarento, começou logo a magicar como poderia sair beneficiado daquela situação.

         Ao aproximarem-se do fim da gruta, o rasto das moedas acabou mas, em frente, estava um grande pote de moedas de ouro brilhantes. Entusiasmados, os dois correram em direção ao pote. João começa logo a encher os bolsos de moedas. O António, não gostando da atitude do amigo, manda-o parar e diz-lhe que o mais sensato é dividirem em partes iguais.

        O João, dando-se conta da injustiça que estava a cometer, propõe fazer um banquete com todos os familiares e amigos. O António, admirado com tal generosidade, concorda com a ideia.

        Uns dias mais tarde, na casa do João, é realizado o acordado banquete, onde os dois amigos celebram com uma taça de vinho e brindam à amizade.


Renato, 7º D

Num sítio especial...

 

Palavras: Aprendiz,Mistério,Tempestade,Moedas,Paraiso


Houve um certo dia em que acordei e senti algo especial...Estava num sítio cheio de luz e, ao mesmo tempo, muito misterioso. Andei, andei, para tentar reconhecer o sítio onde estava, mas não consegui.


Ao longo da caminhada, deparei-me com alguns obstáculos, como um lago cheio de moedas. Quando vi tanta moeda, fiquei com vontade de pegar nelas, mas, quando tentei tocá-las, aconteceu algo muito estranho, veio uma tempestade tão forte, tão forte, que tudo ficou transformado. O lago desapareceu, aliás, desapareceu tudo!

Este sítio transformou-se num belo jardim cheio de flores, com cheiros magníficos que nunca tinha sentido. Tinha animais que nunca tinha conhecido! Sentia-me um simples aprendiz num pequeno paraíso, onde tinha tanto para explorar e para conhecer. A sensação de estar neste sítio era tão boa que não tinha vontade de regressar a casa. Mas, felizmente ou infelizmente, acordei e voltei à minha realidade!!

Foi algo que pareceu tão real que fiquei com vontade de regressar ou de voltar a sonhar.

Será que era mesmo o Paraíso...?!


Martim Ramos, 7º D

 


A menina voadora

 

Palavras :paraíso, ódio, terrível, desencantar, Celeste.

Era uma vez uma menina chamada Celeste. Ela vivia naquilo que poderia ser considerado um paraíso, numa aldeia onde só se ouvia sons agradáveis, desde as mais leves brisas, no início da manhã, aos repuxos de pedra a correrem água.

            Celeste era uma menina como as outras, tinha cabelos ruivos e sardas na cara, olhos de um verde tão vivo que eram quase idênticos a folhas de arbustos e umas orelhas pontiagudas. A sua pele era muito fina e transparente e brilhava com a luz do sol. Vivia conjuntamente com a sua mãe e seu pai, não tinha qualquer irmão, mas tinha um grande gato preto e gordo, a quem lhe chamara Lord. Ela era baixinha, mas, no entanto, tinha 12 anos. Todos os dias de manhã, pelo raiar do sol, ela saia muito animada, para ir para a escola. Como toda a gente a conhecia, cumprimentavam-na com um:

-Bom dia, Celeste!

E ela respondia, alegremente:

-Bom dia!

Naquele dia, Celeste sentia se um pouco estranha, sentia- se como se levasse o mundo inteiro na cabeça.

            Quando chegou à escola, colocou o material em cima da mesa de carvalho e deixou-se levar pela aula. À medida que o tempo ia passando, Celeste sentia-se cada vez pior..., até que algo terrível aconteceu. Celeste começou a voar! Todos olharam para ela que, agora, pairava em cima da mesa. Celeste estava tão assustada que mais parecia um ratinho, não se movia e só se atrevia a respirar.

-Isto é um pesadelo, só pode ser um pesadelo! - pensou ela.

Como ninguém sabia o que havia de fazer, pois nunca se recordavam de ver alguém a flutuar, os professores resolveram ligar a um médico e chamar um psicólogo, enquanto os colegas de Celeste olhavam embasbacados para ela. Entretanto, Celeste tinha reparado que o que ela sentia antes tinha desaparecido, mas também que todos olhavam para ela como se fosse um monstro, e isso fazia-a querer desaparecer naquele momento.

 Passado um quarto de hora, o médico e o psicólogo chegaram, não muito convencidos, mas quando viram Celeste naquele aparato, pareciam dois burros a olhar para um palácio, e resolveram então chamar um cientista que, quando chegou, ficou também espantado.

    O tempo ia passando, a noite aproximava-se e Celeste permanecia na escola, pois estava a ser observada pelo cientista, que ainda não sabia bem o que fazer, enquanto os colegas e professores já tinham ido para casa.

De repente, o cientista saiu da sala. Celeste não aguentava mais o som e as luzes das máquinas, então decidiu que tinha de fugir. Tentou abrir a porta, mas esta estava trancada. Então, como ela agora tinha o dom de voar, resolveu sair por uma porta improvisada. Abriu a janela e pensou no que de pior podia acontecer.

-Por favor, por tudo o que há de bom, que eu não vire uma panqueca esmagada!

    Ouviu passos e percebeu que, por mais que quisesse, não havia tempo a perder, por isso saltou no momento em que ouviu a porta a ser destrancada. Olhou para cima e fez uma coisa que não devia ter feito..., olhou para baixo. Estava cheia de medo, pois tinha vertigens. Também sentia ódio e raiva de si própria. Então, fechou os olhos com muita força. Quando os abriu, deu conta que tudo o que tinha acontecido era um sonho, não havia qualquer casa cogumelo, nem Celeste voadora, só havia uma casa no meio de um prado e campos de terra.

Mas, no final de tudo, nós podemos ser como Celeste, pois podemos voar, só que não precisamos de sair do chão. Podemos voar para seguir os nossos sonhos, ou conseguir alcançar um objetivo. Tal como Celeste, não precisamos de ser aquelas princesas da Disney, por exempl, a Bela Adormecida, que precisou de um príncipe para desencantar a sua maldição, podemos voar por nós próprios, mas claro, é certo que, no caminho, iremos encontrar muitos tipos de obstáculos, mas que nunca desistiremos.

Laura, 7º D

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

A vida de Sofia

 

Palavras: azar, dote, avarento, trovoada, tapete

            Numa certa manhã de primavera, uma linda rapariga chamada Sofia decidiu dar um passeio pela floresta, mas o que ela não esperava era que, nesse dia e àquela hora, uma bruxa estivesse a passear pelo mesmo lugar, à procura de ingredientes para uma poção. Durante o passeio, começou a formar-se uma grande trovoada e Sofia teve de se recolher numa casa que encontrou na floresta que, por coincidência, era a casa da bruxa.

            Por fora, a casa parecia ser muito velha. Bateu a porta e uma voz do interior disse-lhe para entrar e ela entrou. Reparou, de imediato, num grande tapete à entrada, muito gasto e velho. Ao fundo, sentada numa cadeira, em frente à lareira, estava uma velhinha e, ao seu lado, estava um banco, também ele velhinho, no qual ela se sentou, depois de ver a visita, mas, para seu azar, uma das pernas do banquinho partiu e ela caiu.

            Sofia riu com aquele episódio comovente, mas insólito. Pouco tempo depois, e já dentro da casita, a velhinha convidou a Sofia para lanchar e ela aceitou.

Depois de lancharem, Sofia teve de voltar para casa porque já estava tarde e a trovoada já tinha passado. Assim que chegou em casa, os pais dela perguntaram-lhe onde ela tinha passado o dia e ela contou tudo o que se tinha passado. O seu pai não acreditou que tal velhinha a pudesse ter ajudado, porque, como ele é uma pessoa muito avarenta, pensa que todos são como ele, que não gostam de ajudar os outros.

O pai de Sofia era uma pessoa muito tradicional na maneira de pensar, sobretudo no que dizia respeito aos costumes. Como o seu pai era muito avarento, estava difícil arranjar um noivo para a Sofia, dado que, nessa época, era normal o pai da noiva dar um dote ao futuro marido da filha. O pai queria escolher o noivo, mas Sofia gostava de uma outra pessoa, mas de um nível social mais baixo, isto é, sem “eira nem beira”.

Sabendo das intenções do pai, Sofia fugiu de casa e acabou por ir para casa da velhinha, a tal bruxa que ela conheceu na floresta. Esta ameaçou o pai de Sofia para a deixar em paz.

Sofia acabou por ir ao encontro da pessoa de quem ela gostava. Conheceram-se e, mais tarde, noivaram. A casa da bruxa passou a ser o lar de Sofia. Esta era a filha que ela nunca teve.

Bárbara, 8º E e pais

A Profecia da Corcunda

 

Palavras: Feiticeira, Corcunda, Ladrão, Montanha e Dragão

Há muitos, mas muitos anos, num velho castelo que se situava em cima de uma alta montanha, conhecida como a Montanha do Dragão, vivia uma nova rapariga, protegida pelo seu fiel Dragão, falante, Manuel.

A Menina não podia sair do seu castelo, porque quando era mais nova lhe tinha sido lançada uma maldição que, segundo uma velha profecia, se saísse algum dia do seu castelo no mesmo momento passava de uma bonita e nova rapariga a uma velha e feia corcunda.

Certo dia a Menina estava à varanda de seu castelo a falar com seu Dragão e disse o seguinte:

- Manuel, eu faria de tudo para poder sair deste velho castelo, mas não me quero tornar numa velha e feia corcunda. – Lamentou-se.

- Mas, Menina, sabe que isso não poderá acontecer. – Desculpou-se.

- Manuel, e se procurássemos alguém par desfazer a velha profecia. Sei lá…, tipo uma feiticeira, de certeza que há uma boa o suficiente neste mundo. – Disse a Menina entrando em desespero.

- Já falei com todo o tipo de criaturas mágicas possíveis, incluindo duendes e fadas, que são as criaturas mais sábias e que conhecem todo o tipo de feitiços, artefactos mágicos, bruxas e feiticeiras possíveis e ninguém conhece feiticeira suficientemente boa para desfazer a velha profecia. – Manuel afirmou mais calmamente.

- Quem terá sido a alma maldosa que criou profecia tão bem feita que ninguém a consiga desfazer? – Perguntou.

- Eu não lhe contei? – Perguntou Manuel, admirado.

- Não me contou o quê? – Perguntou a Menina.

- Noutro dia estava à conversa com a Fada Hidra e ela contou-me que tinha sido o próprio Merlim que teria criado a profecia. – Afirmou Manuel, como se nada fosse.

- Mas a minha pergunta agora é. Porque Merlim teria criado profecia tão maldosa? – Perguntou a Menina.

- Isso eu já não sei, mas o velho Duende, Sirius, já dizia que Merlim era um bruxo muito malvado e ambicioso, por isso, muito provavelmente, foi para se vingar de alguém. – Esclareceu.

- Estou a ficar com fome, vou entrar. – Disse a menina, terminando a conversa.

No mesmo instante que a menina entrou no castelo, ouviu-se um grande estrondo na porta das traseiras. A Menina estava agora em perigo, algum ladrão tinha vindo à procura das grandes riquezas do castelo. A Menina, corajosa como era, confrontou logo o ladrão, usando os seus poderes de gelo e a sua varinha, mas mesmo assim não resultou, o ladrão tinha uma arma. Então não tendo mais opções ,a Menina, esquecendo-se da profecia, saltou para cima do seu dragão, saindo, finalmente, depois de tantos anos da grande Montanha.

Depois de muito voar, finalmente pousaram em terra e foi ai que o Dragão reparou que a profecia era de facto verdadeira e que se tinha realizado:

- Tenho muita pena em dar-lhe esta notícia, mas, de facto, a profecia realizou-se e a Menina passou de um linda e nova rapariga a uma velha e feia corcunda.

- Ahhh! – Gritou a menina. – Agora o que eu mais quero é conseguir encontrar alguma feiticeira boa o suficiente para desfazer o feitiço, nem que seja a única e última coisa que eu faça de interessante na minha vida! – Afirmou determinada.

- Não se preocupe, eu ajudá-la-ei nesta missão. – Disse o Manuel, tentando acalmar a Menina.

- Obrigada, Manuel, agora vamos fazer-nos ao caminho que não temos o resto da vida! – Disse impaciente.

Eles voaram durante dias, talvez semanas ou até meses, até que um dia os dois, cansados e com fome, deram conta que tinham ido da América do Sul até à Ásia, mais propriamente, Japão, o reino das criaturas mágicas, dos ninjas, dos gigantes, das bruxas, da feitiçaria, das fadas e dos duendes mais sábios. Era lá onde vivia o Duende Draco e a Fada Andrómeda, dois amigos de infância do Manuel.

No Japão, ficaram hospedados no Hotel para criaturas e todo o tipo de espécies, onde no seu primeiro pequeno-almoço encontraram os amigos de infância do Manuel, Draco e Andrómeda. No mesmo instante Manuel decidiu apresentar os seus amigos à Menina:

- Então, menina, estes são o Draco e a Andrómeda e eles podem ajudar-nos a encontrar uma feiticeira para quebrar a profecia. 

- Oh, a sério! Eu adoraria, espero que nos demos bem. – Afirmou a Menina.

- Bom, Menina, eu e a minha colega Andrómeda, vamos ajudar, mas, antes, precisamos de saber o que lhe aconteceu. – Disse Draco.

- Então, quando eu era mais nova, uma bruxa lançou-me uma profecia que dizia que, se eu saísse do meu castelo, tornar-me-ia numa velha e feia corcunda, como se pode ver.

Depois de terem contado tudo o que tinha acontecido nos últimos dias ao duende e à fada, os dois disseram que conheciam alguém que poderia quebrar finalmente a profecia:

- Manuel, e quem a seria pessoa com tamanha inteligência para quebrar uma profecia criada por Merlim? – Perguntou a Menina a Manuel.

- Isso eu não sei, Menina, mas Draco e Andrómeda devem saber. – Afirmou.

- Claro que sabemos. Não é verdade, Andrómeda? – Disse Draco.

- Isso mesmo, a feiticeira Lisete sabe, de certeza, acabar com a profecia. – Esclareceu Andrómeda.

- E onde mora tamanha inteligência? Para podermos acabar com isto mais cedo. – Perguntou a Menina com pressa.

- Mora na zona sul, só o Draco sabe onde se localiza. -  Esclareceu Andrómeda.

- Então, como vamos para lá, Draco? – Perguntou Manuel.

- No nosso escritório há uma chave do portal que nos permite irmos diretos para zona, Manuel, e aí vamos diretos para o laboratório dela. – Disse Draco.

- Então do que estamos à espera? O Manuel leva-nos até ao vosso escritório. – Apressou-se a Menina.

- Vamos, subam todos. – Disse Manuel.

Ao montarem todos no Manuel, foram até ao escritório de Draco e Andrómeda para viajarem através da chave do portal para irem até a zona sul. Ao chegarem à zona sul foram até ao bar “Criaturas Traiçoeiras”, onde as criaturas mágicas daquela zona se reuniam para conviver umas com as outras. Nesse bar havia uma misteriosa porta que Manuel e a Menina estavam muitos curiosos para saber o que estava atrás dela.

- O que se situa atrás daquela porta, Draco? – Perguntou a Manina ao Duende.

- Atrás daquela porta fica o laboratório da feiticeira Lisete, a feiticeira que nos vai ajudar. Vou pedir a chave ao Troll Barman. – Esclareceu Draco.

- Boa tarde, Troll, dê-me a chave do laboratório de Lisete. – Pediu Draco.

- Muito boa tarde, senhor Draco, preciso de lhe perguntar qual o motivo da sua visita.

- Uma Menina veio de terras da América do Sul para quebrar uma profecia. – Draco esclareceu o Troll.

- Sendo assim, aqui têm. – Falou o Troll, entregando a chave a Draco.

Quando Draco voltou com a chave, a Menina só conseguia pensar com seria a feiticeira Lisete. Seria nova, velha, bonita, feia, loira ou morena? Mas, lá no fundo, a menina esperava que Lisete fosse uma velha cheia de verrugas. Draco abriu a porta velha, e menina ficou surpreendida com a beleza da Feiticeira Lisete:

- Draco, Andrómeda, a que devo a visita? – Perguntou Lisete, entusiasmada.

- Viemos de norte para quebrar uma profecia lançada a esta Menina que veio de terras Sul Americanas. – Esclareceu Andrómeda.

- Oh, claro, muito prazer em conhecê-los! Eu sou a Lisete. – apresentou-se a feiticeira à Menina e ao Manuel.

- O prazer é todo meu, espero que consiga quebrar a profecia que me foi lançada. – Agradeceu a Menina à Lisete.

- Claro que consigo. – Disse Lisete, relaxando a Menina. – Eu já não via uma profecia criada por Merlim há muito tempo, deve ter sido por isso que ninguém a tenha conseguido quebrar, mas eu tenho a poção e o feitiço perfeitos para conseguir quebrar a profecia.

- Então do que estamos à espera, vamos é quebrar a profecia. – Apreçou-se Manuel.

- Isso mesmo, entrem, que eu vou fazer a poção para a Menina beber. – Pediu Lisete.

Depois de entrarem no laboratório de Lisete, a Menina bebeu a poção que a feiticeira lhe deu e, depois disso, os efeitos começaram a aparecer. A Menina deixou de ser corcunda, mas ainda continuava uma velha. Ainda precisa que lhe lançassem um feitiço para voltar a ser completamente uma bonita e nova rapariga:

- Agora vai ter que ficar muito quieta para eu lhe poder lançar o feitiço para voltar a ser uma bonita e nova rapariga, Menina. – Afirmou  Lisete.

- Ok. – Agradeceu a Menina.

 Lisete, logo a seguir, lançou o feitiço à Menina que passou, no mesmo momento, a uma bonita e nova rapariga:

- A menina, finalmente, pode voltar ao seu castelo e viver normalmente com Manuel, mas, de horas enquanto, ligue-me para poderemos falar. – pediu Lisete à Menina.

- Não se preocupe, eu ligarei e também desfrutarei muito da minha liberdade, finalmente, já que agora já posso sair do meu castelo sem me verem como uma velha e feia corcunda. – Finalizou a Menina.

Depois disso, a Menina, o Manuel, o Draco e a Andromeda dirigiram-se novamente para o hotel para, depois disso, irem de novo para terras sul americanas:

- Adeus, Draco! Adeus, Andrómeda! Foi bom rever-vos. – Despediu-se o Manuel dos seus amigos de infância.

- Adeus, Manuel! Adeus, Menina, façam boa viagem. – Desejou Andrómeda.

A viagem para casa foi tão calma que nem pareceu que tinham viajado o mundo inteiro. Chegaram a casa os dois cansados, mas muito felizes por terem finalmente conseguido quebrar a profecia lançada à Menina e, agora, ela poderia andar à vontade, por onde quisesse, que não se transformaria numa velha e feia corcunda.


Manuela, 8º E