sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Um olhar de ler e saber - geografia


Descrição da atividade com os alunos do 7º A

No dia 27 de setembro de 2019, inserida na atividade “um olhar de ler e saber”, os alunos do 7ºA realizaram, em contexto de sala de aula, a observação de duas imagens e a descrição das mesmas.
Esta atividade foi bastante profícua, na qual os alunos se mostraram bastante interessados e empenhados na descrição escrita destas duas paisagens. O enquadramento desta atividade esteve relacionado os conteúdos lecionados (no início do primeiro período) na disciplina de Geografia, tais como os elementos que constituem a paisagem, as paisagens naturais e humanizadas ou as diferentes paisagens do mundo; procurou-se também enquadrar os conceitos essenciais (observação indireta, paisagem, esboço da paisagem, multifuncionalidade da paisagem, entre outros). Verificou-se que os alunos descreveram estas imagens com base nos conhecimentos adquiridos nas aulas, por exemplo, escrevendo “em primeiro plano, eu vejo…” ou, por outro lado, percorrendo as etapas de trabalho de um geógrafo: a observação (quando observam indiretamente as imagens), a localização (quando tentam localizar - “esta imagem deve ser da Índia” ou “duas pessoas que parecem japonesas” ou “parecem ser da China”), a descrição (quando descrevem o que observam) e a interpretação (como interpretam a paisagem e qual a sensação dessa paisagem - “tenho a sensação de calma e de paz” ou “ tenho a sensação de preocupação” ou “esta imagem mete-me medo” ou ainda “O homem que está no meio da onda a fazer surf, é corajoso por tentar surfar nesta enorme onda”).
No final, os alunos gostaram da realização desta atividade e mostraram interesse que as suas descrições escritas fossem publicadas no site da biblioteca e no respetivo blog.


As duas imagens abaixo representadas, são acompanhadas pela respetiva explicitação, seguindo-se as descrições dos alunos às respetivas imagens. Os alunos não foram informados, durante a atividade, sobre a explicitação das imagens apresentadas.


Figura 1 - A pesca com corvos-marinhos, na China.

A pesca com cormorões [corvos-marinhos ou biguás], acontece milenarmente na China. Atualmente, na remota província de Guangxi, é realizada por alguns pescadores mais velhos. No entanto, o costume acontece atualmente muito mais para efeito turístico do que para a subsistência dos pescadores. A antiga arte está a morrer. 

Numa segunda etapa, os pescadores treinam os pássaros para mergulharem e pescarem os peixes. Contudo, eles são impedidos de engoli-los [pelo menos os maiores] porque as suas gargantas são amarradas com um laço, o que impede a passagem do alimento. Ao capturarem um peixe, são puxados para a “jangada” pelo pescador, que força o pássaro a cuspir o pescado. No final do trabalho (conjunto) as aves recebem a sua parte da pescaria.
                               Fonte: retirado do site: mol-tagge.blogspot.com/2014/02/fotografia-pesca-corvos-china.html


“Tenho a sensação de calma e de paz. Vejo uma escura paisagem do pôr-do-sol, com grandes penedos; vejo dois homens sentados em cinco canas, amarradas por cordas. Os quatro pássaros marinhos não parecem estar incomodados com a presença dos homens.”


“Na Figura 1 eu vejo, em primeiro plano, uma vegetação com água a transbordar pelo meio, esta vegetação é muito verde (verde forte). Também vejo duas pessoas, dois homens em duas canoas feitas com troncos de árvores, os troncos são escuros. Um deles está vestido com calções e o outro com calças e umas “mantas” que parecem ser muito quentinhas. O clima deve ser moderado. A seguir vejo quatro pássaros (dois nos ramos e dois nas canoas).
No segundo plano, vejo um lago – ou lagoa azul – que reflete a luz das nuvens.
No terceiro plano, vejo montanhas com vegetação. O céu é lindo, tem as cores rosa, roxo e azul.
Esta imagem deve ser da Índia, por causa das roupas que os senhores usam. Transmite-me tranquilidade e segurança. Deve ser um sítio lindo, com muitos seres vivos.”

“Na imagem observa-se montanhas, uma ilha onde estão duas pessoas e duas canoas. O céu está azul e amarelo por causa do pôr-do-sol. Nesta ilha há arbustos e esta está no meio de um lago. Na canoa estão dois pássaros.”

“Nesta imagem, já está a ficar de noite e consigo ver, indiretamente, o pôr-do-sol. Estão dois idosos sentados numa jangada de paus e, em cada jangada, há um pássaro (ave) pousado num pau que está verticalmente montado; eles estão num lago e, ao fundo, vê-se várias montanhas, o céu parece-me muito nublado. Vejo dois senhores que me parece que estão a conversar, pegando em lamparinas (objeto que dá luz). Os dois homens estão nas jangadas, estando parados, no lugar onde se encontram, existem muitas plantas de água, parecendo relva na água; ao fundo, perto das montanhas parece-me que há muitas árvores grandes e muitas plantas.”

“Esta imagem tem duas pessoas que parecem japonesas, elas estão em duas canoas separadas. Vê-se também um mar com várias árvores à volta. O céu está bastante azulado.”

“Vejo duas pessoas dentro de uma canoa, à beira mar, perto de muitas montanhas e de um céu lindo.”

“O que eu vejo nesta imagem é um pôr-do-sol lindo, assim como dois homens a conversar dentro de uma canoa. Esta paisagem é muito calma.”

“O que eu vejo nesta imagem é um pôr-do-sol muito lindo, com dois senhores num barco a navegar no rio. Esta imagem faz-me sentir tranquila.
Os senhores parecem estar a conversar um com o outro; parecem ser da China, porque têm um chapéu muito parecido com os que usam lá.”

“Na Figura 1 vejo duas jangadas de paus e, encima dessas jangadas, estão dois senhores e quatro pássaros; estão a conversar junto a um lago que tem alguma relva. Estes dois homens têm, cada um, uma lâmpada.
A rodear a lagoa vejo duas montanhas, encima das montanhas, as nuvens são brancas, amareladas e alaranjadas. Estes homens parecem-me chineses.”

“Eu vejo um rio e uma montanha, também vejo duas mulheres encima de metais, sentados e dois pássaros e várias árvores. Vejo o céu com nuvens e erva no chão.”

“A Figura 1 contém duas pessoas e, uma delas, está numa canoa e a outra está sentada num banco; existem dois pássaros pretos, um deles está sentado num ramo, do lado esquerdo e o outro está de pé, no lado direito.”  

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Figura 2 - O surfista norte-americano Garrett McNamara na onda de 23,8 metros, em 2011                                      (Portugal - Nazaré). Foto de João Pedro Rocha.

O Canhão da Nazaré é um desfiladeiro submarino de origem tectónica situado, ao largo da praia do Norte, que começa a ser definido a cerca de 500 metros da costa. Está relacionado com a falha da Nazaré-Pombal, começa a definir-se a cerca de 500 metros da costa e é considerado o maior da Europa. O Canhão de Nazaré funciona como um polarizador de ondulações pois as ondas conseguem atingir uma velocidade maior devido à falha geológica.
Como se explicam as gigantes ondas que quebram na Praia do Norte?
A explicação da comunidade surfista é simples e refere que a ondulação passa de águas profundas para pouco profundas, num curto espaço, e assim acontece o fenómeno das ondas gigantes da Praia do Norte.



Já a explicação científica, embora ligeiramente mais elaborada, não deixa de ser igualmente simples e esclarecedora. Está, porém, assente em quatro fenómenos naturais. Analisando a figura A, por um lado temos a refração da onda por diferença de profundidades entre a plataforma continental e o Canhão da Nazaré (1). Segue-se um desnível vertical e bastante acentuado do fundo que provoca um galgamento de um degrau topográfico (2). A súbita redução da profundidade origina que as ondas reduzam em extensão e cresçam em altura. Este processo acontece de forma gradual à medida que as ondas chegam à costa.
Segundo os peritos do Instituto Hidrográfico, também tem influência a interferência positiva entre a onda proveniente do canhão e a onda que atravessa a plataforma continental norte (3). No ponto em que se cruzam, este efeito promove o crescimento da onda (em altura, obviamente).
Por último, a corrente junto à praia que escoa de norte para sul e que dobra no cabo para o mar (4), reforçada pela enorme quantidade de água na enseada, apanha a onda no sentido contrário à sua propagação e contribui em muito para o seu crescimento.
 É, portanto, o efeito combinado de todos estes processos que faz aumentar substancialmente o tamanho das ondas que dão à Praia do Norte, atingindo, por vezes, valores muito superiores aos registados ao largo da costa portuguesa, especialmente quando as ondulações são predominantes de Noroeste ou Oeste. Graças a este processo natural, uma onda de 10 metros pode ser facilmente amplificada para o dobro. 
                Fonte: retirado do site: https://surftotal.com/noticias/nacionais/item/6334



“Na Figura 2, está um farol à frente de um tsunami e, dentro desse tsunami, vê-se uma pessoa a fazer surf.” 

“Observando a Figura 2, tenho a sensação de preocupação, pois as pessoas presentes à beira mar correm o risco de ser engolidas pelo tsunami. Mas a pessoa que está a surfar não parece muito preocupada.
Por cima da grande parede de pedra, está um lindo farol vermelho e branco; perto dele, duas casas abastecidas por eletricidade que passa por um cabo elétrico, sustentado por postes de madeira.”

“Na Figura 2 eu vejo, em primeiro plano, uma vegetação verde-clara e verde-escura, com uns postes de luzes e fios. Vejo também um muro feito em rochas, com uma porta, que deve ser para subir ao muro.
Em segundo plano, vejo um caminho com rochas e duas grades brancas. Vejo coisas espalhadas pelo chão (duas estão caídas). Estão cinco pessoas e, pela roupa que têm vestida, parece estar frio, pois elas estão com casacos de inverno.
Em terceiro plano vejo, à frente das pessoas, uma onda gigante com uma pessoa lá no meio a fazer surf.
Esta imagem mete-me medo, por causa da onda. Parece-me ser a praia da Nazaré pois, essa praia, é muito visitada por surfistas.”

“Na Figura 2, observa-se uma onda, um farol, cinco pessoas estão a observar a onda e uma pessoa está a surfar; três pessoas estão a ir embora. Vejo um caixote do lixo, três postes, um muro de pedra, cinco pedras e duas barreiras.”

“Eu vejo um paredão com um farol e, ao lado, cinco pessoas…
À frente do paredão, vê-se o mar com uma onda gigante. Por detrás do paredão, observa-se um monte com árvores e ervas secas, assim como postes de eletricidade. O paredão é feito de pedras e, no monte, encontram-se mais três pessoas.”

“Na Figura 2, parece-me que há cinco pessoas encima de uma torre que é bastante grande, feita de tijolos que parecem ser de diferentes cores. Por cima da torre, há um instrumento de iluminação que serve para os barcos se orientarem e não baterem na costa. Vejo uma onda gigantesca que está a vir contra esta torre, havendo uma pessoa a surfar nessa onda. À volta da torre vejo relva e, também, três pessoas perto da costa, onde há vários postes de eletricidade e rochas.”

“Vejo um conjunto de pessoas a olhar para uma onda muito grande e uma pessoa a surfar nessa onda. Vejo também um farol (encima de uma casa ou muro), junto às pessoas.”

“Na Figura 2 vejo, lá no fundo, uma onda gigante com uma pessoa a surfar e pessoas ao lado do farol.”

“O que vejo nesta imagem são algumas pessoas a ver o mar e uma pessoa a surfar naquele enorme tsunami.”

“Na imagem, vê-se uma pessoa a surfar e outras pessoas - por cima de uma casa com um farol ao lado deles - a ver essa pessoa a surfar.”

“Vejo 8 pessoas, cinco num terraço e três no andar de baixo. Eles estão a assistir a uma pessoa a surfar numa onda enorme.”

“O que eu vejo nesta imagem é uma gigantesca onda, com pessoas a assistir, uma pessoa a surfar. As pessoas que estão a assistir, estão no telhado de uma casa, perto do farol.”

“Na Figura 2 vejo 8 pessoas e uma pessoa a surfar nas ondas. Próximo das cinco pessoas, tem um ecoponto. Próximo das três pessoas, tem postes e vê-se um mini farol.”

“Nesta imagem, eu vejo cinco pessoas encima de uma muralha de um farol, a ver uma onda onde está um homem a surfar. Vejo também três pessoas a andar, assim como um poste de luz, muitas pedras, erva seca e fios ligados aos postes. Estas pessoas estão no teto de uma casa.”

 “Eu observo uma grande onda, cinco pessoas, um farol, postes de luz, ervas secas, fios de eletricidade e uma pessoa a fazer surf. O meu sentimento a olhar para esta imagem é de medo e de pressão. Acho que esta foto foi tirada em Portugal, na praia da Nazaré.”

“Esta imagem contém uma grande quantidade de relva, à frente estão três homens, uns ao lado dos outros; atrás deles, observa-se um poste de luz e, no seu lado direito, umas casas.
 Existe um grande passeio suportado por uma parede de pedra e, no meio, uma caixa de metal.
No fundo do passeio há vários homens e um sinalizador do farol; à frente deles, uma onda gigante, cheia de espuma. A onda é gigantíssima, tão grande que é difícil de ver o céu, pois a onda quase que tapa o céu.
No meio da onda, há um homem a fazer surf.
Eu penso que está imagem é da Nazaré, pois tem uma grande história de ondas gigantes.
Tive a perceção de que o passeio é o teto de um edifício, feito de pedras. O homem que está no meio da onda a fazer surf, é corajoso por tentar surfar nesta enorme onda e, por outro lado, maluco por tentar desafiar a morte, subindo aquela onda.”



Professor Armando Figueiredo