terça-feira, 1 de novembro de 2016

Reflexão

Tenho a certeza que inúmeras pessoas já puseram esta pergunta antes de mim; mas quando é que temos tempo para parar e refletir sobre as nossas vidas? Não de uma maneira filosófica, mas sim com o propósito de saber e pensar sobre como é que estamos a gastar o nosso tempo.
            O que eu quero dizer é, reparem na rotina diária de várias crianças, adolescentes e jovens  adultos à volta do mundo: chegar da escola ou trabalho, e ir imediatamente ver televisão ou verificar as redes sociais, para ver se há notificações novas.
            As pessoas que entendem e estudam os mecanismos do funcionamento da sociedade – os sociólogos – não se demoraram a classificar a geração destes jovens adultos como a «Geração Narcisista», onde se usam maioritariamente as redes sociais para expor uma certa imagem de nós próprios, com o objetivo de mostrar aos outros o quão “perfeitos” ou “fixes” somos.
            Confesso que nunca confiei nos Facebooks e demais, porque desde sempre fui informada sobre os perigos da Internet, e como criança, mais ou menos obediente que sou, nunca criei, nem tenciono criar, perfis sozinha e sem autorização.
            A minha questão é: desde quando é que o narcisismo começou a controlar as nossas vidas? Desde quando é que começámos a confiar mais num telemóvel do que na pessoa ao nosso lado? Tantas conversas, olhares e sorrisos que não aconteceram nem vão acontecer, porque estamos demasiado ocupados a ver os Instagrams uns dos outros.
            Mas isto tornou-se tão normal, que agora as pessoas me deitam olhares de incredulidade quando digo que prefiro ler e escrever do que ver televisão e agir como se fosse melhor que os outros.
            Às vezes, choca-me a ingratidão de alguns! Quando há pessoas a morrer de fome, sede e doenças crónicas; mulheres que são espancadas quase até à morte por maridos violentos; rapazes e raparigas sexualmente agredidos e países onde os direitos humanos são quase inexistentes, ainda arranjam tempo para se queixar da marca do telemóvel?!
            Neste momento, não posso fazer nada para mudar a vida dessas pessoas, mas, quando completar a minha educação, se conseguir ajudar uma só que seja, sentir-me-ei realizada!
            Longe também vão os tempos, em que as crianças podiam rir-se, gritar, correr à vontade, enfim, ser crianças!
            Às vezes, quando estou na escola, a rir-me e a contar piadas estúpidas – a comportar-me conforme os meros 12 anos que tenho – alguém aproxima-se e chama-me “pita” e ignorante.
            Fico a matutar um pouco naquilo, mas chego à conclusão que não me importo. Neste preciso momento, considero a minha ignorância uma benção.
            E, talvez, se alguém ler este texto, abdique, hoje, de alguns minutos da Disney Channel, para se apaixonar pelo cheiro das fohas de um livro ou pela tinta de uma caneta. Talvez o mundo ainda tenha sonhadores. Talvez.


Maria Rita Azevedo; nº14; 7º G

Enviado pela professora Vera Casinhas



1 comentário:

  1. Gostei! Parabéns Maria Rita. Felizmente ainda temos muitos jovens que pensam como tu. De outra forma , não teríamos futuro.

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